quarta-feira, 27 de abril de 2016

Prólogo

 “(…) Ninguém se consegue lembrar de um romance inteiro. Ninguém consegue descrever um filme, uma escultura, uma pintura, mas enquanto houver seres humanos, as canções e as poesias sobreviverão.

Se a minha poesia pretende atingir alguma coisa, é libertar as pessoas dos limites em que se encontram e que sentem.” – Jim

 

Dizem que morreu há 45 anos. Talvez não.

Criei um blog para quem gosta de Ler Devagar.

 

James Douglas Morrison, aliás Jim Morrison, ou simplesmente Jim, para amigos, discípulos e fãs, nasceu em Melbourne, Florida, em 8 de Dezembro de 1943 e morreu em Paris, França, em 3 de Julho de 1971. Uma morte prematura e misteriosa, uma vida à beira do abismo ou ultrapassando os limites, tornaram-no mito, lenda viva do rock & roll, já lá vão quatro décadas.

Este blog contém excertos traduzidos de “Wilderness”, um conjunto de poemas inéditos de Jim Morrison, dispersos em papéis e cadernos, e traduções livres das músicas do álbum “Waiting for the Sun”, dos The Doors, editado pela Elektra, em 1968. Quase tudo o resto que aqui se pode ler é ficção e provavelmente só tem cabimento para o seu autor.




             - O que é a conexão?

            - É quando 2 movimentos que julgamos excluírem-se mutuamente & infinitos, se encontram num momento.

            - Do Tempo?

            - Sim.

- O tempo não existe.

Não existe tempo.

- O tempo é uma plantação ordenada.



Entro e saio do bar de má reputação. Passaram dois ou três minutos no máximo. Logo à chegada uma mulher de aspecto duvidoso com uma dezena de pregos espalhados pela face a mim se dirigiu oferecendo-me aquela que iria ser a melhor noite da minha vida. Virei-lhe costas. Inicialmente pensei ir ao encontro do homem grande e escuro com o umbigo encostado ao balcão para lhe pedir algo forte para emborcar. Desisti. Saí porta fora mal esta se tinha imobilizado após a minha chegada. A noite na cidade está quente. Os corpos fervilham. Agitam-se, até nas ruas. Eu estou desolado mas bem desperto e continuo cheio de sede. Deparo com Jim ao virar da esquina. Seguimos lado a lado. Caminhamos rodeados de sombras na direcção da praia. Apetece-nos o cheiro do mar. A visão sublime das luzes do céu descoberto daquela noite generosa sem lua que nos levará a esperar pelo sol da manhã seguinte sem grande dificuldade. E partilhamos frases que de repente não parecem fazer qualquer sentido,



A Noite começou

            cheia de sossego

Não consigo descrever o

            modo como ela está vestida

Ela acederá a estranhas

            solicitações

Quaisquer sugestões

O que quer que agrade ao seu conviva



apenas pela demora em encontrar sintonia. Eu continuo cheio de sede. Jim prefere afastar-se da multidão. Seguimos por isso a caminho da costa. E vamos. E à medida que nos vamos aproximando começamos a sentir a leve brisa marítima a roçar-nos as faces. E as luzes vão desvanecendo. E o movimento diminuindo. Agora, a cada olhar que com o nosso se cruza damos sem querer a máxima importância.
                                                                                                                                                     (continua)


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