segunda-feira, 2 de maio de 2016

Chegada a São Martinho do Porto e a primeira visão das suecas (primeira parte)


         Caldas da Rainha e o fim abrupto da auto-estrada.

         – Que porra, nunca mais acabam esta merda – resmunguei entre dentes.

         Ainda estava a quinze quilómetros de São Martinho do Porto. Eram dez e meia e de repente passou-me pela cabeça que àquela hora talvez fosse complicado arranjar um sítio para dormir.

         – Que se lixe! – gritei ao mesmo tempo que levei a mão ao volume e aumentei quase até ao máximo os sons que ecoavam de “Five to One”.

         Na pior das hipóteses teria sempre o carro ou até mesmo a praia.

         A última vez que dormi ao relento à beira do mar foi quando saí pela terceira ou quarta vez com a Anabela. Jantámos numa esplanada da Caparica. Uma picanha, muita cerveja e, de repente, já ela me estava a desafiar para uma caminhada a pé. Preferi o carro, seguimos para a Fonte da Telha onde a noite é mais reservada e a areia menos iluminada. Conversa para cá, beijinho para lá e depois de andarmos alguns metros descalços junto à água caímos enrolados no meio das dunas e a partir dali a praia passou a ser só nossa, a lua era só nossa, o areal era só nosso, só o mar nos observava e mais nada. A excitação que ambos sentíamos era tanta que todas as estrelas do céu deviam estar mortas de inveja. Poucas terão sido as palavras que posteriormente trocámos até aos primeiros raios de sol que, na manhã seguinte, nos despertaram.

                                                                                                       (continua)

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